Filmes no cinema #2 - "A Troca"

Posted: terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Nota: 7,0


Antes da crítica, é necessário destacar o que vi da carreira de dois nomes desse filme: o de seu diretor, Clint Eastwood, e o de sua protagonista, Angelina Jolie: da última, até que vi bastantes filmes, nem sabia que tinha visto tantos...Além de "A Troca", vi o recente e bem inútil "O Procurado", o chato "O Bom Pastor", o pavoroso "Sr. e Sra. Smith", o fantástico "Capitão Sky e o Mundo de Amanhã", o lamentável "Lara Croft: Tomb Raider", o legalzinho "Uma Vida em Sete Dias" e o que vale a pena apenas pelos carros "60 Segundos"; do primeiro, considerando apenas sua carreira como diretor, vi poucos filmes, sendo que "A Troca" é seu 28º longa: o necessário "Cartas de Iwo Jima" (nota: 8,5), o desnecessário "A Conquista da Honra" (nota: 6,5), o mais que perfeito "Menina de Ouro" (nota: 10) e o sensacional "Sobre Meninos e Lobos" (nota: 9,5).

Pelas notas, já deu pra ver que achei "A Troca" o segundo pior filme que vi de Clint, sendo melhor apenas que "A Conquista da Honra". No entanto, acho que seu trabalho como diretor foi pior em seu filme mais recente: o filme é um tanto quanto tedioso e linear (culpa também do roteiro), o que o faz ter uma nota relativamente alta são a direção de arte, impecável na recriação de época da Los Angeles dos anos 20, e a atuação de Jolie, de longe a melhor que ela já fez em todos os filmes que eu assisti (claro que o papel ajuda...). Mas Eastwood, ao não colocar freios nela, a deixa fazer o que quiser com sua personagem Christine Collins, que é uma mulher que realmente existiu (no início do filme, vemos "A true story" na tela). Basicamente: num sábado, ela sai para fazer hora extra no trabalho e deixa seu filho Walter sozinho em casa; quando volta, ele não está mais lá. Ela o busca, a polícia de Los Angeles (que era reconhecida por ser a mais violenta e corrupta dos EUA na época) o busca, até que, 5 meses depois, um menino é trazido pela polícia até ela. Logo de cara, ela reconhece que não é o seu filho, mas, pressionada pelos policiais, que querem limpar sua imagem com a imprensa, ela aceita ficar com essa criança. Depois, decide ir à polícia novamente, para falar que não era o seu filho, mas a polícia encerrou o caso. Então, entra em cena o reverendo Briegleb (John Malkovich), inimigo da corrupção e do Estado em geral, sempre pensando no bem da população. Ele ajuda Christine a enfrentar a polícia, que acaba acusando-a de estar "psicologicamente alterada" e de querer ter uma vida tranquila, fugindo da responsabilidade de criar uma criança, por primeiro aceitar o "filho", e agora não o querer mais. Vai parar num manicômio, de onde só sai ao se descobrir o que realmente deve ter acontecido com seu filho. Não vou contar mais senão estrago o filme. Christine foi uma grande mulher, um símbolo de resistência numa época em que mulheres não tinham voz, ainda mais uma mãe solteira, como ela: conseguiu mobilizar a sociedade toda e, por fim, mudou a polícia de Los Angeles.

Voltando à análise: Clint deixa Jolie totalmente livre no papel, e ela exagera horrores, parecendo fake em diversos momentos, em minha opinião. Apesar de já ter um Oscar de atriz coadjuvante pelo filme "Garota, Interrompida", de 1999, Angelina parece querer ganhar mais um, de atriz principal, para provar para todos que tem talento, não é apenas uma bela boca e uma estrela sem conteúdo, como muitos astros de Hollywood por aí. Porém, deverá até ser indicada por este filme, pois sem dúvida faz um trabalho competente, mas força tanto que não irá levar a estatueta...E Eastwood deixou isso ocorrer, o que é meio natural dele: na maioria das vezes, deixa na versão final de seus filmes a primeira tomada de cada cena, e deixa os atores livres para "fazerem o que quiserem". Mas, diferentemente de Hillary Swank, Sean Penn e Tim Robbins, todos oscarizados sob a direção de Clint, Jolie prova não ter competência suficiente para se controlar diante da tentação de expressões, choros e gritos exagerados...

Enfim, é um bom filme, merece ser visto pela história ser real e relevante, por ser um filme de Clint Eastwood, o que por si só já é um atestado de qualidade, mas imperdível não é.

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