Artista famoso - Aerosmith; Artista "desconhecido" - Teenage Fanclub

Posted: sábado, 10 de janeiro de 2009

O Aerosmith surgiu em 1969, em Boston, Massachusetts (com a formação "clássica", apenas em 1971), e pode ser chamado de resumo e união norte-americanos de duas gigantescas influências britânicas: Led Zeppelin e The Rolling Stones. Atualmente, apesar dos quase 40 anos de atividade, ainda é composta por seus 5 integrantes "clássicos": Steven Tyler (vocais), Joe Perry (guitarra solo), Brad Whitford (guitarra base), Tom Hamilton (baixo) e Joey Kramer (bateria).

Assinaram contrato em 1972 com a Columbia Records (subsidiária da Sony Music), para, em 1973, lançarem seu primeiro álbum, Aerosmith, que contém a música "Dream On" (algo como "se iluda"), composta por Tyler quando este tinha 17 anos, num momento de raiva com os outros integrantes da banda. Até hoje, é uma das mais esperadas nos shows. Em 1974, lançam seu segundo disco, Get Your Wings, o que faz sua popularidade aumentar. Em 1975, lançam sua obra-prima: Toys in the Attic. Tem músicas de vários estilos: "Toys In The Attic" é um rock à la Zeppelin em que os influenciados se saem até melhor que a fonte inspiradora, "Walk This Way" e sua levada meio rap, que depois salvaria a banda, "Sweet Emotion" e sua marcante linha de baixo, e ainda a baladaça "You See Me Crying", que fecha o álbum. Depois, no ano seguinte, outro álbum fenomenal: Rocks, o preferido de Slash, ex-guitarrista do Guns N' Roses. Com músicas pesadas como "Back In The Saddle", perfeita para abrir shows, outras com um quê de pop, como "Sick As a Dog", e outra bela balada fechando o álbum ("Home Tonight"). O álbum seguinte, Draw the Line, veio com poucos hits, apenas "Draw The Line" e "Kings And Queens", mas essas duas músicas estão no meu top 5 de músicas do Aero. A capa do álbum, com uma caricatura dos 5 integrantes, é das mais legais da discografia da banda.

Em 1979, Night in the Ruts começa a marcar a transição para um período complicadíssimo para o Aerosmith: há alguns anos, Tyler e Perry eram conhecidos pela alcunha de Toxic Twins ("gêmeos tóxicos"), pelo constante e maciço uso de drogas, dos mais variados tipos (os outros integrantes da banda também faziam uso dessas substâncias). No período final gravação de Night in the Ruts, Joe Perry deixa a banda, sendo seguido por Brad Whitford, em 1981. Afundado em brigas e em drogas, e com Jimmy Crespo na guitarra solo e Rick Dufay na guitarra base, o Aero lança seu pior disco, disparado: Rock in a Hard Place. Um único destaque, "Lightning Strikes" (gravada ainda com Whitford), num disco que parece de uma banda cover do Aero. Em 1984, em meio a boatos de que voltaram apenas pelo dinheiro, Perry e Whitford voltam à banda, para uma turnê. Ok, as brigas podem ter passado, mas as drogas ainda são problema: Tyler desmaia no palco durante um show. Em 1985, sai Done With Mirrors (por outra gravadora, a Geffen Records), bom álbum, mas sem nenhum grande hit para reviver a fama gloriosa da década de 70.

Eis que então, em 1986, os rappers do Run D.M.C. decidem fazer uma cover de "Walk This Way", convidando Tyler e Perry para cantar o refrão da música com eles. A gravação é um sucesso monstruoso: o clipe não pára de tocar na MTV americana, a música se torna um marco por ser a união de rock e rap (o que viria a gerar coisas como Faith no More, 5 anos depois, e Linkin Park + Jay-Z, 20 anos depois, por exemplo), sendo inclusive considerada pela revista Rolling Stone como uma das 40 músicas que mudaram o mundo. Pronto, o Aero estava de volta. Então, o próximo álbum de estúdio tinha de ser perfeito para o momento. E foi:Permanent Vacation, com músicas como "Dude (Looks Like A Lady)" e "Angel" (clipe digno do Piores Clipes do Mundo...), apresenta o Aerosmith a uma nova geração, e, agora, todos os integrantes estão limpos das drogas, o que ocorre até hoje. Porém, ao mesmo tempo, começa a marcar a decadência musical da banda: as composições, antes feitas apenas pelos integrantes da banda, passam a ser feitas também por hitmakers como Desmond Child, e a banda, que era um retrato do hard rock dos anos 70, vira ícone do metal farofa dos anos 80, com todos aqueles exageros do gênero. Mas ainda há muita boa música feita apenas pela banda, o que se confirma em Pump, excelente álbum, o preferido de Justin Hawkins, ex-vocalista do já acabado The Darkness. Músicas como "Janie's Got A Gun" (essa, composição de Tyler e Hamilton só, que conta com ótimo clipe de David Fincher, cotadíssimo para o Oscar 2009 de melhor diretor), "Love In An Elevator", "F.I.N.E." (sigla para Fucked-up, Insecure, Neurotic and Emotional), e a balada "What It Takes", que encerra o álbum, fazem de Pump um dos três melhores álbuns do Aerosmith, ao lado de Toys e Rocks, e é de longe o melhor da "volta" (não à toa, são os três álbuns do Aerosmith presentes no livro "1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer").

Aqui, poderia acabar meu texto: o Aerosmith ficou irrelevante musicalmente desde então, virou "produto da indústria". Vieram os álbuns Get a Grip, com os sucessos avassaladores de "Cryin'" (cujo clipe ganhou diversos prêmios na MTV americana, rodou até quebrar a fita na brasileira...), "Crazy" (cujo clipe repete Alicia Silverstone no papel principal, assim como em "Cryin'", e traz ainda, para deleite dos homens, a linda filha de Steven, Liv Tyler) e "Amazing" (encerrando a "trilogia Alicia Silverstone"); o mais rock n' roll, e por isso melhor, Nine Lives, que marca a volta deles para a Columbia Records, num contrato milionário (com músicas como "Hole In My Soul", do famigerado clipe do nerd que cria garotas); após isso, a música da discórdia para fãs do Aero no mundo: "I Don't Want To Miss A Thing". Ela foi muito importante para a carreira deles: assim como eu, como já falei aqui, milhões de fãs conheceram a banda por meio dela, uma balada completamente açucarada, composta por Diane Warren - conhecida por compor músicas para artistas como Céline Dion - para a trilha sonora do filme Armageddon, maior bilheteria de 1998 no cinema mundial. A música foi indicada ao Oscar de 1999 (perdeu). Mas é o símbolo maior de que o Aerosmith "se vendeu". Não sei se por medo de se afundarem de novo, mas o fato é que o antigo Aero acabou em 1979, tendo uma sobrevida aceitável até 1989. Ainda tivemos os álbuns Just Push Play (o segundo pior da carreira deles, com baladas ruins e elementos eletrônicos horríveis) e Honkin' on Bobo (tributo ao blues, muito bem recebido pela crítica e pelos fãs das antigas, mas praticamente ignorado pelo público da "era Armageddon").

Além disso, o Aero tem 6 discos Ao Vivo, mais 9 (!) coletâneas, sendo 6 delas lançadas após 1994, pegando carona no sucesso de Get a Grip, e depois de "I Don't Want To Miss A Thing". A melhor coletânea é Greatest Hits, de 1980, que contempla a fase de ouro da banda. Se quiser algo dos novos hits, fique com O, Yeah! The Ultimate Aerosmith Hits, que faz um apanhado razoável da carreira da banda em quase 30 anos.

Mas, se quiser uma seleção de verdade mesmo, fique com a que fiz abaixo! Abri uma exceção: seriam 2 CDs, já que o Aero tem mais de 25 anos de carreira. No entanto, por serem minha banda favorita e por causa dessa história de terem a partir da década de 1990 sido irrelevantes musicalmente, fiz 3 CDs: os dois primeiros, com as músicas que realmente importam da banda; o terceiro, com as músicas pós-90, que é o que todos conhecem e gostam, mas, vou dizer novamente: são produto da indústria da música! São ruins! Ouçam os outros 2 CDs e conheçam o verdadeiro Aerosmith!!!

Em 2007, o Aerosmith encerrou uma turnê mundial, que passou pelo Brasil dia 12/04/2007, no Estádio do Morumbi (Eu fui! Leia ótima crítica do show aqui). Em 2008, lançaram o jogo "Guitar Hero: Aerosmith", que rendeu mais à banda que qualquer single em sua história. Prometem lançar um álbum de inéditas, ou pelo menos de outtakes (músicas antigas que foram cortadas no processo de produção de álbuns passados, em versões novas, regravadas e finalizadas) em 2009.

Aerosmith no allmusic.com: http://www.allmusic.com/cg/amg.dll?p=amg&sql=11:aifpxqw5ldae

CD1
1- Mama Kin
2- Dream On
3- One Way Street
4- The Train Kept A Rollin'
5- Seasons of Wither
6- Same Old Song And Dance
7- Toys In The Attic
8- Walk This Way
9- Big Ten Inch Record
10- Sweet Emotion
11- No More No More
12- You See Me Crying
13- Back In The Saddle
14- Last Child
15- Sick as a Dog
16- Nobody's Fault
17- Home Tonight

CD2
1- Draw The Line
2- Kings And Queens
3- No Surprize
4- Remember (Walking in the Sand)
5- Mia
6- Lightning Strikes
7- Let the Music Do the Talking
8- My Fist Your Face
9- Walk This Way (Feat. Run D.M.C.)
10- Rag Doll
11- Dude (Looks Like A Lady)
12- Angel
13- F.I.N.E.
14- Love in an Elevator
15- Janie's Got a Gun
16- The Other Side
17- What It Takes

CD3
1- Eat The Rich
2- Livin' On The Edge
3- Cryin'
4- Crazy
5- Amazing
6- Nine Lives
7- Falling in Love (Is Hard on the Knees)
8- Hole in My Soul
9- Ain't That a Bitch
10- Pink
11- Attitude Adjustment
12- I Don't Want To Miss A Thing
13- Jaded
14- Fly Away From Here
15- Sunshine
16- Road Runner
17- Baby Please Don't Go




O Teenage Fanclub (TFC) está para o power pop (leia mais em inglês) mais ou menos como o Bombril está para as lãs de aço. Isto significa que esta banda é parâmetro para esta vertente do rock: se você quiser saber se alguma música é ou não power pop, compare com uma do TFC, se forem parecidas...é, já deu pra entender a comparação.

A banda começou em 1989, em Glasgow, na Escócia, com a união de Norman Blake (vocais, guitarra), Raymond McGinley (vocais, guitarra principal) e Gerard Love (vocais, baixo), os três membros fixos da banda, que se mantêm unida até hoje, e que dividem entre si, quase que igualmente, a composição das músicas. Além deles, foram da banda três bateristas: Francis MacDonald (1989-1991, e desde 2002), Paul Quinn (1994-2000) e Brendan O'Hare (1991-1994 e 2000-2002), além do tecladista Finlay MacDonald (sem relação com o baterista citado anteriormente).

O primeiro álbum saiu em 1990, A Catholic Education, um disco cheio de guitarras distorcidas, algo um pouco fora do power pop que fariam depois, na verdade. Era um disco próximo do grunge, que viria a explodir no ano seguinte. Foi bem recebido pela crítica e pelo público de rock alternativo, e tem como obrigatória a música "Everything Flows".

Em 1991, lançam o EP The King, basicamente instrumental, mas que continha uma versão power pop de "Like A Virgin", da Madonna. Assinam com a Geffen Records, e lançam um dos álbuns presentes no livro "1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer": Bandwagonesque. Com esse álbum, alcançam o reconhecimento máximo da crítica, viram o hype do momento. O disco chega a ser eleito o melhor do ano pela revista Spin, sendo que também foram lançados em 1991 álbuns como Nevermind, do Nirvana, ou ainda Achtung Baby, do U2, para citar só dois muito mais conhecidos. São eleitos também a grande promessa de 1992 pela Rolling Stone. No entanto, o sucesso de público não veio, apesar de grandes canções, hoje verdadeiros hinos power pop (ok, com mais guitarras que o normal do gênero), como "The Concept" e "Star Sign".

Em 1993, lançam um disco um pouco mais próximo do primeiro que do segundo, menos power pop e mais guitarras distorcidas, Thirteen. "Hang On" é uma das belas músicas do álbum, mas, se não conquistaram o público com sua obra-prima anterior, não seria com esse disco mediano que isso iria acontecer...

Eis que, em 1995, lançam Grand Prix. Esse é, pra mim, "O" álbum do TFC. É o retrato perfeito do que é power pop que falei no início do texto. Um dos poucos discos que ouço do início ao fim sem pular nada, gostando de absolutamente cada segundo, Grand Prix tem a única música deles que chegou a ter algum sucesso no Brasil, "Sparky's Dream". De resto, o álbum é cheio do que fãs de power pop, como eu, adoram: melodias assobiáveis, bateria que se segue batendo palminha, harmonias vocais nos refrões, que são mais pegajosos que chiclete...Enfim, um dos meus discos favoritos. Tem nada menos que 8 das 13 músicas dele na coletânea que fiz abaixo...

Porém, o disco não vendeu muito bem (nos EUA, no Reino Unido foi bem), e a gravadora Geffen os dispensou. De volta a uma gravadora menor, em 1997 lançam um disco também muito bom, Songs From Northern Britain. Esse chegou ao terceiro lugar nas paradas britânicas, foi o maior sucesso comercial deles mundialmente. Músicas como "Planets" mostram uma produção mais elaborada que a dos outros álbuns, mais "limpos": em Songs, temos uma maior presença de instrumentos de cordas (violinos, etc.). Além disso, uma das mais lindas composições do TFC está nesse álbum: "Your Love Is the Place Where I Come From".

Em 2000, lançam Howdy!, álbum um pouco mais "sério" que os outros, digamos: menos palminhas, menos animação. Só uma música realmente merece destaque: "I Need Direction". Em 2002, sai Words of Wisdom and Hope, um álbum do TFC em colaboração com Jad Fair. Nada relevante para a discografia da banda. Em 2003, lançam a coletânea Four Thousand Seven Hundred And Sixty-Six Seconds - A Shortcut To Teenage Fanclub, que, sim, realmente dura os 4766 segundos do título, tem 18 músicas de álbuns de estúdio mais 3 inéditas, também sem relevência na carreira deles.

Em 2005, sai Man-Made, álbum no qual o Teenage Fanclub mostra que ainda está em ótima forma: apesar de não tão animado quanto Grand Prix, por exemplo, não é tão desanimado quanto Howdy!, e é um ótimo álbum, com músicas que tem melodias excelentes, refrões grudentos, só ficam faltando as palminhas...

Em agosto, a banda começou a trabalhar no seu novo álbum de estúdio, que deverá ser lançado em 2009.

Teenage Fanclub no allmusic.com: http://www.allmusic.com/cg/amg.dll?p=amg&sql=11:3ifqxqr5ldse

CD
1- Everything Flows
2- The Concept
3- What You Do To Me
4- Star Sign
5- Hang On
6- Radio
7- About You
8- Sparky's Dream
9- Mellow Doubt
10- Don't Look Back
11- Versimilitude
12- Neil Jung
13- Say No
14- I'll Make It Clear
15- I Don't Want Control of You
16- Planets
17- Your Love Is the Place Where I Come From
18- I Need Direction
19- It's All In My Mind
20- Cells
21- Flowing

1 comentários:

  1. Teddy segunda-feira, janeiro 12, 2009 12:03:00 AM

    Fala Sr. Sherman ... Muito bom seu texto sobre as bandas... sempre eh bom aprender um pouco mais sobre a cultura musical e você soube trazer essas informações de forma "instigante"... vou confessar que não lí por inteiro, mas o suficiente para absorver as informações hauhauhauhau se eu ler demais o headchip aki pifa...

    Sobre a Poesia, gostei também da forma que escreveu, simples, direta e sincera... em breve publicarei um blog que estou desenvolvendo para divulgar meus sketchs...

    Abraços