Filmes no cinema #1 - "Rebobine, Por Favor"

Posted: quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Antecipando o dia do primeiro post...mas deixando pro dia 10/01 o post prometido, lá vai um sobre cinema:


Nota: 8,0


"Rebobine, Por Favor" é o último filme do renomado diretor francês Michel Gondry. Além de 4 longas, 3 documentários, alguns curtas e também filmes publicitários, ele é famoso pelos clipes que dirigiu: começou sua carreira na França, em 1988, dirigindo clipes da banda de rock da qual era baterista, o Oui Oui. Seu primeiro vídeo pode ser visto aqui. Em 1993, dirigiu seu primeiro vídeo para um artista dos EUA, "She Kissed Me" de Terence Trent D'arby. Com "Human Behaviour", de Björk, no mesmo ano, Gondry alcança status de grande diretor de clipes (é reconhecido atualmente como um dos melhores de sempre), e passa a ser requisitado por artistas como The Rolling Stones, Foo Fighters, The Chemical Brothers e The White Stripes.

Paralelamente a isso, lança seu primeiro longa em 2001, "A Natureza Quase Humana" primeira parceria com o roteirista Charlie Kaufman. A segunda parceria gerou um filme brilhante, uma obra-prima do século XXI: "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", de 2004. Em 2006 lançou "Sonhando Acordado", filme fantasioso, romântico, engraçado e tocante, marcas do cineasta, mas não tão genial quanto o outro. (Só não vi o primeiro filme...).

Em 2008, com "Rebobine, Por Favor", Gondry utiliza mais uma vez sua maneira "fabulosa" (no sentido de transformar em fábula) de contar uma história, partindo de argumento um tanto quanto bizarro - Jerry (Jack Black, engraçado e exagerado, como sempre) fica magnetizado e acaba apagando todos os filmes VHS da locadora onde seu amigo Mike (Mos Def, esse sim excelente no papel) trabalha -, é verdade. Então, os dois amigos decidem que vão refilmar os filmes que os clientes desejarem alugar. Obviamente, de uma maneira tosquíssima, filmes como "Os Caça-Fantasmas", "A Hora do Rush 2" (com direito a Jack Black imitando o sotaque de Jackie Chan...), "O Rei Leão" (sim, eles dão um jeito de refilmarem uma animação!), "King Kong", entre outros, são "suecados", termo usado no filme para se referir a essas refilmagens. Os filmes "suecados" são um sucesso, e toda a vizinhança começa a encomendar mais e mais filmes para que os amigos "suequem-nos" (o verbo é inventado no filme, não por mim...), que ganham a companhia de vários de seus clientes nas filmagens, agora. Depois de dezenas e dezenas de filmes, advogados de Hollywood aparecem, reivindicando direitos autorais, e então as fitas são destruídas. Elas eram o único modo de conseguir dinheiro para salvar a locadora (já que ninguém mais quer alugar VHS dos filmes comuns, mas dos "suecados", sim), que seria demolida caso não fossem feitas reformas. Daí pra frente, é o fim do filme, não vou contar...

O filme é muito bom, mas tem muito potencial não desenvolvido: as cenas dos atores refazendo os filmes clássicos não são tão engraçadas como se espera, e o argumento absurdo do início, ao menos pra mim, tira grande parte da graça da história. No entanto, se visto não como comédia que apenas deve fazer rir, o filme melhora muito: ao mostrar que o tosco e caseiro faz sucesso, Gondry mostra o quanto efeitos especiais e super-astros das produções hollywoodianas são dispensáveis a um filme de sucesso, basta uma boa idéia e certa competência em sua execução. "Rebobine, Por Favor", também faz uma homenagem à magia do cinema, à alegria e bem-estar que este pode proporcionar às pessoas. Outro tema que o filme aborda, meio que "de passagem", pode ser resumido numa frase do roteiro a qual pra mim foi marcante: "O passado pode ser mudado". Com ela, Gondry quer mostrar o poder que um cineasta tem nas mãos, já que muitas vezes a história a ser contada por ele é desconhecida da maioria, o que abre a possibilidade de manipulá-la. Aliás, essa variedade de temas abordados é mais um defeito do filme: ao tratar de vários assuntos, nenhum acaba sendo aprofundado. Além disso tudo, o filme pode ser encarado como um estímulo à criação de novos cineastas mundo à fora, o que é corroborado pela exposição "Rebobine, Por Favor - A Exposição", em cartaz no MIS - Museu da Imagem e do Som até 11 de janeiro, que será tema de um post em breve.

1 comentários:

  1. Unknown quarta-feira, janeiro 07, 2009 11:32:00 PM

    Desde o começo do ano passado, eu tava super ansiosa p/ ver esse filme...Achei legal, mas acho que eu ri menos do que esperava! De qualquer jeito, valeu a pena ter assistido!! Adoro o Jack Black!!

    Beijos, Sherman!
    Continue escrevendo porque eu tô sempre lendo!! rs