Notas #6 - Rock 'n' Roll "rima" com futebol!

Posted: terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Está certo, a rima é meio forçada, mas não há como negar que rock e futebol tem tudo a ver. Principalmente no Brasil, óbvio, por estarmos no país do futebol, mas no mundo todo essa relação é notória.

Começo falando sobre o campeonato que a MTV brasileira criou em 1995, que reunia os músicos das principais bandas roqueiras do país para disputar peladas entre si: o Rockgol. No começo, era algo beeeem tosco. A célebre cena que retrata essa fase é a do Peninha, do Barão Vermelho, perdendo sua dentadura (!). Nas duas primeiras edições, podiam participar também ex-jogadores veteranos e roadies. Depois, tudo foi crescendo, ficando melhor estruturado: só foi permitida a participação de músicos, o campeonato foi sendo organizado em grupos, o "estádio" foi melhorando. No entanto, a decadência começa em 2000, quando a MTV tentou se popularizar, e isso resultou no convite para bandas como Os Morenos, Só Pra Contrariar e a dupla Claudinho & Buchecha para participar do evento. Mais peladeiros que os roqueiros, venceram os campeonatos. A MTV desistiu de se popularizar: não chamou mais pagodeiros. Só que aí as bandas principais do país já haviam abandonado o Rockgol, tendo sobrado apenas as do segundo escalão pra baixo, como Tihuana, Comunidade Nin-Jitsu e o Natiruts. Ainda assim, o campeonato continuou interessante, por ser bizarro e engraçado, graças às narrações de Paulo Bonfá e os comentários de Marco Bianchi, ex-integrantes do trio de humor Os Sobrinhos do Ataíde, que ficou no ar em São Paulo na antiga 89FM - A Rádio Rock nos anos 90. Eles, além de narrarem com humor, criaram personagens que ninguém esquece como Ovelha, Seo Ronaldão e Chiliquenta. A partir de 2005, porém, o campeonato foi se tornando repetitivo, sempre com as mesmas piadas. Em 2007, se renovou, mas para pior: entraram as bandas emo! NXZero, Fresno, Forfun...Todas essas porcarias que os adolescentes brasileiros hoje curtem. Perdeu a graça, acabaram as bandas relevantes do rock nacional, fim dos personagens - ok, pode ser que eu tenha ficado velho demais para isso... =).

O Rockgol, além de momentos engraçados e audiência para a MTV, gerou uma das parcerias mais importantes do rock brasileiro dos anos 90 até hoje: Samuel Rosa, do Skank, e Nando Reis, ex-Titãs, se conheceram numa dessas competições, mais precisamente no ano de 1995. No calor da disputa de uma partida, acabaram tendo a ideia de compor uma música sobre futebol, juntos. Samuel é ótimo compositor de melodias (bom guitarrista e razoável vocalista), e Nando é ótimo letrista. Juntaram suas habilidades e fizeram "É Uma Partida de Futebol", que ainda é massivamente tocada e é quase unanimidade quando se pensa em futebol e rock ao mesmo tempo. A parceria deu tão certo que dura até os dias atuais: passou pela primeira sinalização de mudança do Skank, "Resposta", continuou em "Ali", "Dois Rios" e "Eu e a Felicidade", entre outras dos discos subsequentes do Skank, e chegou ao penúltimo single da banda, "Ainda Gosto Dela", e gerará ainda muitos sucessos, como por exemplo o que acho que será a próxima música do Skank a estourar nas paradas: "Sutilmente".

No mundo todo, o rock se confunde com o futebol: em 2003, a música "Seven Nation Army", do duo White Stripes (mais especificamente seu marcante riff de guitarra, que é quase um refrão instrumental), foi cantada pela primeira vez num estádio de futebol no jogo FC Bruges e AC Milan, pela Liga dos Campeões da UEFA. Depois, no jogo entre AS Roma e Club Brugge, pela Copa da UEFA, os romanos entoaram mais uma vez a canção. Ela só se popularizou planetariamente em 2006, quando os italianos a usaram na comemoração de seu tetracampeonato na Copa do Mundo, cantando "Campioni del Mondo" em cima do riff. Depois, virou hino não-oficial da Eurocopa de 2008, sendo utilizada por torcidas de toda a Europa para incentivar seus times: alemães, espanhóis , suecos... Rapidamente, a música começou a se espalhar por diversos estádios: a torcida do Liverpool canta "Javier Mascherano" em cima do riff; a do Chelsea, "Juliano Belletti"; a do Porto, "Mariano González". Torcedores do australiano Melbourne Victory entoam o riff sempre depois que a equipe faz um gol...Procurando pelo YouTube, é capaz de achar mais exemplos. Até no Brasil essa onda chegou: "Seven Nation Army" ganhou paródia da torcida do Internacional de Porto Alegre.

Agora, o pior da junção de rock e futebol ocorre quando há a homenagem dos pais a seus ídolos. Isso acontece na hora do batismo de seus rebentos, que se tornam conhecidos como jogadores e expõem nomes absurdos como Keirrison, atual atacante do Palmeiras, que segundo o próprio em entrevista à Veja São Paulo dessa semana, falou que seu pai gosta muito da letra K e de rock, e resolveu homenagear...George Harrison, ex-guitarrista dos Beatles!! Keirrison ainda tem um irmão chamado Kimarrison (a letra favorita do pai + Jim Morrison, ex-líder do The Doors). Outro caso que ficou muito famoso há alguns anos foi o de uma jovem revelação do Guarani na época, hoje com 29 anos e no Santa Cruz. Ele se chama simplesmente...Creedence Clearwater Couto! Tudo porque seu pai era muito fã da banda Creedence Clearwater Revival. Já ouviram falar também no jogador Odvan, que jogou muitos anos no Vasco, não? Seu nome é derivado de uma música do Roberto Carlos que sua mãe gostava muito, chamada..."O Divã"!!! Ah, e para quem reclamar que "O Rei" não é rock: no final dos anos 50, ele já foi chamado por Carlos Imperial de "Elvis Presley brasileiro", e cantava sucessos como "Tutti Frutti", "Teddy Bear" e outros mais, viu?


UPDATE: acabei de descobrir que há uma banda de Manchester, Inglaterra, que se chama...Vagner Love!! Incrível... Para saber muito mais sobre eles, e até o que o atacante do CSKA Moscou, revelado pelo Palmeiras, acha disso, clique aqui. Para ouvir algumas músicas do grupo, que diz ser uma mistura de Teenage Fanclub com Oasis (já falei de ambos no blog...!), vá ao MySpace deles.

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